gf

Opinaria é um blog simples, directo e espero que útil para muitos. É um espaço de livre opinião. Onde todos podem deixar o ar da sua graça, a sua marca, escrevendo um pensamento, uma teoria ou uma simples opinião. Será sem dúvida um espaço de debate... um espaço para todos... verdadeiramente democrático. Contudo, para que assim seja, precisa de participação e muitos temas.

..................................
Editorial
Bernardo Theotónio Pereira
Cartaz das Artes
2ª feira
Desporto
António Queiroz e Mello
3ª feira
Mundo de Viagens
Luis Estarreja
4ª feira
Juridicamente Falando
5ª feira
Curiosidades
6ª feira
Economia
Fernando Soares
Sabado
Noite
Martim Bustorff
Domingo
Quinzenais e Mensais
Duarte Felix da Costa
Fernando Arrobas
Francisco de Sousa Coutinho
Felipe Rocha Vieira
..................................

..

Saturday, October 14, 2006

Pompa sem circunstância

Desde a última quarta-feira muita coisa mudou em Portugal!

À primeira vista parece que mudou para melhor, mas é pura ilusão.
A manchete do Diário Económico de quarta-feira fala-nos de uma clara inversão do ciclo económico: “ Portugal cresce acima da zona euro em 2007”

À primeira vista saltam duas ideias:

(A.) Em primeiro lugar: como é possível, de repente, dar-se um salto no crescimento quando todas as perspectivas credíveis internacionais apontam para um crescimento da economia nacional muito fraco. Nomeadamente a OCDE produziu muito recentemente um estudo que falava num crescimento português abaixo da média europeia até 2010!

Esta notícia foi ainda anexada de uma inocente noticia no dia seguinte, dizendo: “Teixeira dos Santos no estrangeiro, diz que só ele pode falar sobre os números da economia portuguesa” antecipado assim o que se irá passar quando na próxima segunda-feira começar a discussão em torno do orçamento de estado de 2007.
Ora, como podemos então afirmar se um país está a crescer, decrescer ou estagnado economicamente? Em Economia, apesar de não ser perfeita, usa-se consensualmente a variável Produto Interno Bruto (PIB) como medida agregada da evolução económica.
E o que faz crescer essa variável? O que nos faz ver se o país está melhor?
Decompondo o PIB podemos intuitivamente retirar 5 factores que o farão crescer: o crescimento das exportações liquidas, a despesa pública, consumo privado contido, aumento do investimento e a conjuntura internacional.
Afirmar então que a retoma está ao nível das taxas de crescimento da média europeia a partir de 2007 não me parece prudente. Como aliás nos diz o FMI que prevê(1,2% e 2%) para crescimento do PIB português e da zona euro, respectivamente.
Dos cinco factores o único que está a evoluir mais favoravelmente é a conjuntura internacional, o que fará também crescer as exportações portuguesas.E estas crescerão maioritariamente pelo facto de o mercado internacional estar mais receptivo aos nossos produtos e não porque tenhamos produtos e empresas mais competitivas. Para além da própria conjuntura internacional estar a dar sinais de abrandamento no segundo semestre de 2006.
Quanto à variação do investimento público será contida por razões de contenção orçamentais. O investimento privado (nacional e externo) apesar dos anúncios governamentais escasseia na concretização e ao mesmo tempo confirma também valores abaixo dos que seriam desejáveis.Ou alguem anda a ler mal os numeros ou então, o governo tem acessores a gerir muito bem as expectativas futuras dos agentes através da comunicação social.

(.B)Um segundo aspecto, ainda mais estranho, como é que o jornal que (até à última terça-feira eu julgava o mais credível jornaleco de índole económica em Portugal) aparece com uma noticia destas. Mais: quais as bases da própria notícia? E qual a coerência do seu director? Repito: até à última terça-feira era um dos poucos editores de jornais indubitavelmente coerente nas análises, e imparcial nas notícias que publicava

Somos um país onde a imparcialidade na notícia é muito escassa – mas existindo até agora alguns exemplos onde os mais novos ainda se mostravam imparciais quer pela força dos valores recentemente inculcados, quer pela observação do estado do país, percepção das causas do mesmo e empenhamento na sua reconversão. No entanto, é triste, quando nos apercebemos que a tendência das primeiras gerações promissoras dos tempos recentes esbarram na teia do poder como assim fizeram as que para isso ainda tinha a desculpa de um passado com valores escassos ou algo tumultuosos.

P.S.- Uma última reflexão: Crescer acima da média significa crescer mais que os outros para tentar recuperar o atraso no desenvolvimento estrutural. O que só mostra que estamos a muitos passos de apanhar o comboio da Europa. Crescer acima da média europeia não é novidade mas sim uma obrigação na feroz competição internacional!

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Não deves ser tão extremista (bem entendido seja): lá porque uma notícia está má (na tua opinião), achas que vale apena "deixar de ler o jornal"? não é por o preservativo não ser 100% seguro que as pessoas deixam de o usar (peço dscp se esta piada foi chocante).
Na minha opinião, os meios de comunicação foram a melhor invenção a seguir à electricidade: pode ser visto como um meio de gerir expctativas: verdade que muito do que é dito pelo governo (e porque não pelos anteriores), às vezes nem smp o é (verdade). Mas por um lado é preciso dar uma imagem positiva da situação económica e social do país, sob pena de isto cair tudo numa depressão e o "capital" do nosso país, nunca mais arrancar. Se quiseres olhar positivamente para o que o que a notícia diz, pensa na bolsa: Aqui à uns anos, nao havia tanta actividade bolsista, e, é um facto, que a bolsa portuguesa este ano foi das que mais "mexeu", cresceu (e evoluiu) a nivel europeu. Naquilo que fazes tens sempre duas hipoteses: ou esperas que as coisas acontençam (mantendo-te na expctativa); ou arriscas e procuras criar condições para que as mesmas (coisas) aconteçam, dando mais confiança ao que está à volta do acontecimento. É a atitude que eu vejo que o Governo está a tomar: se eles querem ter um país mais optimista, então tem de ser eles os primeiros a dar o passo, tem de ser eles mostrar esse optimismo em primeiro lugar.

Parabéns pelo artigo.
Uma crítica apenas: tens de procurar ser mais imparcial (nao estou a dizer que o teu comentário tem uma base política), i.e., tens de deixar as politiquices de lado. Se as encostares a um canto, pelo menos aqui na "opinaria" só sairias a ganhar: uma opinião completamente tua e sem nenhuma base ideológica-política. Terias ainda mais mérito do que aquele que já tens.

Grande abraço
Francisco Batista (UNL-Horácio)

6:42 PM  

Post a Comment

<< Home